Tuesday, January 14, 2003

Não tenho nada no mundo
Nem os castelos de ondas
nem os arcos do beiral
vivendo assim a liberdade
de leve e inconstante vendaval

Se ainda guardo alguma coisa
para uso egoísta e sensual
dessa minha varanda varanda,
dos meus livros de nada
do pezinho de avenca,paisagem brotada,
dessas partículas de dia
que me prendem ao real

se ainda carrego comigo
algum pertencimento
fora umas tantas linhas de Cecília
e um Drummond desbotado
de esquecimento

é tudo em forma de imagem
grudada na pálpebra solstícia
desfeita em peso de aragem.

Só o que guardo do mundo:
lembranças de viagem.

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